Homens e mulheres refém das exigências e construções sociais sobre o que é ser mulher e o que é ser homem. Refletindo sobre os excessos de masculinização e deficiência da energia feminina, podemos observar vários conflitos internos (microcosmo) que reverberam em uma sociedade agressiva, competitiva, invasiva (macrocosmo). Partindo do princípio da Medicina Tradicional Chinesa sobre as energias interdependentes e complementares Yin Yang, que se relacionam com toda a sistemática do nosso ser. Considera-se Yin uma energia ligada ao feminino e Yang energia masculina, Exemplo de Yang seria a inspiração, a expressividade, o individual. Exemplo de Yin seria a intuição, a receptividade e o coletivo. Apenas uma forma de diferenciar esses fenômenos duais e dependentes entre si em todos os aspectos do universo e dos seres. Sabendo que podem existir excessos dessas energias que provocam desequilíbrio, na nossa sociedade a mesma questão; os excessos de Yang que vimos e como já foi citado anteriormente, nos leva a movimentos e formas de ser e lidar com o ambiente de forma destrutiva e violenta.

E por quê isso acontece?

Por diversos motivos ligados ao contexto histórico/cultural da humanidade e desconexão com a nossa natureza e essência. O que há 30000 anos a.C víamos o culto da mulher como deusa, por não saberem como a mulher acordava um dia e tinha um ser crescendo dentro dela; uma sociedade que buscava a cura, a sabedoria na fonte que era feminina, que vinha através das mulheres. Porém, mais tarde verificamos diversas formas de desrespeito e exclusão do feminino que reverbera até hoje. A forma que o Brasil foi colonizado, de forma extremamente invasiva, desrespeitosa em que muitos estupros aconteceram. E hoje as estatísticas mostram que por dia 12 mulheres são assassinadas e 135 estupradas por dia, sem falar do desrespeito no trabalho, nas diferenças salariais de mulheres e homens ocupando o mesmo cargo. Um dos maiores desrespeitos com o feminino é o que fazemos com o nosso meio ambiente, com a nossa terra, nossa mãe, a nossa fonte de nutrição. Estamos destruindo e invadindo nossas florestas, matando os animais enlouquecidamente, estamos enchendo tanto nossos mares de plástico que se continuarmos neste ritmo, vamos ter mais plástico que seres marinhos em 2050. Algo acontece com nós seres humanos, precisamos parar, precisamos refletir o que estamos fazendo, como estamos nos relacionando, como estamos honrando nossas mulheres, nossa mãe terra, isso vale para homens e mulheres, sim.

Apesar de tudo, eu sinto que estamos em um processo de transição de todo o excesso de masculinização para um equilíbrio do feminino com o masculino, através do movimento feminista, do retorno ao respeito do sagrado feminino, e através de todas as outras forças e intenções de equilibrar a nossa sociedade. Mas antes de querer que algo mude lá fora, essa mudança precisa acontecer dentro de cada um de nós. Sim! Equilíbrio do feminino e masculino dentro de nós!

Muitas mulheres acabaram se tornando agressivas, competindo entre si, querendo dominar e brigar pelo poder com homens. Mas o que quero trazer é que não se trata de uma guerra de quem tem mais poder, se são os homens ou mulheres; não! Como eu trouxe anteriormente, as energias Yin e Yang, feminina e masculina estão em todos nós. E com esse movimento de brigar por poder, vejo mais um fenômeno de excesso de Yang.


O que trago é a importância de curarmos todas estas questões dentro de cada um de nós, nossas crenças subconscientes, nossas emoções, nossos pensamentos. Vejo caso de mulheres sendo "a fodona" no trabalho, gerenciando homens e em casa é a mulher submissa que é traída, com várias amizades com mulheres invejosas, competitivas. Existe uma certa incoerência não é? E isso acontece muitas vezes porque no inconsciente e subconsciente dessa pessoa, ainda existem programas: "mulher é submissa, "mulher é fraca" "os homens traem", "só as mulheres podem cuidar dos filhos", emoções de raiva da mãe, raiva das mulheres, inveja das mulheres, pactos inconscientes de vingança. Vejo homens que não conseguem se relacionar de forma harmoniosa com as mulheres, precisa oprimir, possuem uma raiva gigantesca inconsciente porque foram criado em um sistema em que ser homem é "não chorar", "não fracassar", nunca recebeu um colo da mãe, nunca foi acolhido, só suas irmãs mulheres podiam receber esse acolhimento, lhe falta amor. E tudo isso precisa ser encarado, olhado, transformado e curado. É fácil? Talvez não, mas é possível! A tua realidade se molda de acordo com suas emoções e suas crenças subconscientes e inconscientes. Não existe uma forma correta de ser mulher ou ser homem, podemos gostar de coisas consideradas pela sociedade de outro gênero, a questão é: como você se manifesta nesta existência, te traz sofrimento? Se assim for, algo precisa ser revisto e curado.

Acredito que é assim que caminhamos para uma sociedade mais cooperativa, receptiva e com firmeza (o que é o oposto de agressividade) quando necessário. Precisamos, principalmente, de amor, muito amor e é o que desejo que todos saibam sentir e receber.